Um passo de cada vez

Essa é a filosofia de vida do supervisor queijeiro Otair Eger, que trabalha há 26 anos no laticínio de Mercedes.

 

O supervisor queijeiro Otair Eger, do laticínio de Mercedes (PR), conta que, ao entrar na escola, aos 7 anos de idade, tinha dificuldade de entender o que os colegas e professores diziam. Em sua casa, falava-se principalmente o alemão, língua nativa de sua mãe e também falada pelo pai. O casal se conheceu em Palhoça, em Santa Catarina, e havia se mudado para Mercedes em busca de uma vida melhor. Lá, tiveram Otair e outros três filhos. “Por não entender muito bem o português, repeti duas vezes a primeira série”, ele conta.

 

Otair começou a trabalhar aos 15 anos, ajudando o pai, que na época era agricultor, nos períodos de safra. Estudou até a oitava série e, aos 18 anos, teve o primeiro emprego com carteira assinada, em uma empresa do setor agrícola. Algum tempo depois, resolveu trabalhar como pedreiro, de forma autônoma.

 

Na vizinha Marechal Rondon, conheceu Márcia, sua futura esposa. Quando ela engravidou do primeiro filho, Franchescole, Otair resolveu procurar novamente um emprego fixo. No dia 1º de agosto de 1994, bateu o ponto pela primeira vez na Quatá, como auxiliar de serviços gerais. E já se vão 26 anos na empresa, em uma carreira em que buscou aprendizado constante com os profissionais mais experientes e seguiu vários cursos para aperfeiçoar o ofício de queijeiro. Já atuou com os tipos prato, mussarela, nozinho, palito e ricota e, hoje, é o responsável pela principal linha de produção do queijo coalho da Quatá.

 

Na vida pessoal, além de Franschecole, que também trabalha na empresa, Otair tem a filha Fernanda, de 21 anos, que trabalha no ramo de confecção. O supervisor queijeiro tem orgulho de suas conquistas. Ele possui casa própria e, há alguns anos, construiu no mesmo terreno uma segunda casa, de 42 metros quadrados, para a sogra morar.

 

O filho Franschecole e a mãe de Otair, dona Nilma

 

Já tinha carro quando, há dez anos, comprou uma moto, que costuma usar no dia a dia para ir ao trabalho. Recentemente, ajudou a filha a também adquirir uma moto.“Tudo o que eu construí foi sempre muito suado, sempre bem planejado, pensando no dia de amanhã. Não podemos dar um passo maior que a perna”, justifica.

 

Otair gosta de pescar com os amigos, o que faz algumas vezes no ano. Em 2020, adquiriu um nome hobby: a prática de tiro. Depois de se submeter a vários exames, recebeu a licença em julho e passou a frequentar um clube de tiro uma vez por mês. Costuma praticar durante uma hora, dando entre 30 e 40 tiros, e depois fica conversando com os frequentadores do local. A mira, ele diz, está cada dia melhor. A uma distância de dez metros, garante que acerta seis em cada dez tiros em um alvo do tamanho de um coelho.

 

Otair perdeu o pai quando tinha 19 anos e também um irmão. A mãe, dona Nilma, está firme e forte. Aos 70 anos, ela mora a cinco quadras de distância e recebe a visita do filho constantemente. O supervisor queijeiro da Quatá lamenta que, por deixar de praticar, não fala mais o idioma alemão, que a mãe ainda preserva. “Quando ouço os outros falarem, tenho uma leve noção do assunto, mas só isso”, afirma.

 

“Tudo o que eu construí foi sempre muito suado, sempre bem planejado, pensando no dia de amanhã. Não podemos dar um passo maior que a perna.”

 

Para o futuro, ele tem o sonho de comprar um sítio para manter alguma atividade de agricultura e criação de animais ao se aposentar. Aos 47 anos, pretende trabalhar por muitos anos ainda como queijeiro e torce para que as vendas da empresa continuem crescendo e a produção em Mercedes seja ampliada. “Muitas famílias tiram o sustento aqui da empresa”, ele diz. “Que Deus abençoe todos nós.”

 

 

Otair com a filha, Fernanda