Os voos de um analista de TI que acaba de passar no vestibular

 

Viagens de avião, paixões, planos e outras histórias da vida de Diego Sanches.

 

O analista de TI Diego Viana Sanches, que trabalha na sede da Quatá, em São Paulo, tem certo receio de andar de avião. Em 2015, em um voo de volta de Vazante (MG), ele passou pelo maior medo de sua vida.“Era um desses aviões mais antigos, de hélices, e quando entrei já fiquei meio desconfiado”, ele recorda. Diego conta que não havia muitos passageiros e todos tinham se instalado nos assentos mais à frente da aeronave. “Pouco antes da decolagem, a aeromoça disse que o avião precisava de mais equilíbrio com melhor distribuição do peso e foi pedindo para os passageiros mudarem de lugar”, lembra. “Quando chegou a minha vez, eu falei que não saía daquele assento de jeito nenhum.” Apavorado, explicou o motivo: “Se o avião cair e explodir, como é que a minha família vai saber que eu estava no avião se a minha poltrona estiver vazia?”. Contar histórias como essa é uma das razões que fazem dele um colaborador muito querido dos colegas. Diego nasceu no bairro de Vila Roque, na zona norte de São Paulo, há 34 anos. Caçula de uma família de quatro filhos, tem ótimas lembranças de seu período de infância e adolescência. “Acho que fiz parte da última geração de meninos que brincava na rua. Jogava futebol, andava de skate, de bicicleta”, diz.

 

“Estava tão ansioso e fiquei tão feliz quando disseram que eu tinha sido escolhido que, no final do primeiro dia, acabei passando mal. No dia seguinte, faltei ao trabalho.”

 

Ainda na adolescência, iniciou a vida profissional ajudando o pai em uma produtora de vídeo, depois foi entregador de panfletos e remédios, balconista de farmácia e vendedor de shopping até que um amigo o convidou para trabalhar em uma empresa de suporte em informática. Começou como uma espécie de jovem aprendiz, pegou gosto e acabou se profissionalizando. Em 2009, candidatou-se para uma vaga de assistente de TI na Quatá e foi contratado. “Estava tão ansioso e fiquei tão feliz quando disseram que eu tinha sido escolhido que, no final do primeiro dia, acabei passando mal. No dia seguinte, faltei ao trabalho”, ele lembra. “Acharam que eu tinha desistido ou que tinha arrumado desculpa para não trabalhar, mas estava doente mesmo”.

 

Na vida pessoal, Diego brinca que está enrolando a namorada, Aline, há sete anos, mas em seguida diz que os planos de casamento estão cada vez mais sérios. “Eu, que sempre gastei tudo o que ganhava, agora estou mais focado, economizando”, afirma.

 

Com Aline, no estádio de sua outra paixão: o Palmeiras

 

Uma de suas maiores paixões é o futebol: Diego é palmeirense roxo. Outra, são carros. Ele já teve um HB20, um UP TSI e um Fiat Argo, todos comprados 0 km, e sonha poder comprar um dia um Mustang vermelho. Hoje, porém, está sem carro e pretende investir o dinheiro em algo que considera mais importante: fazer faculdade, algo que começou duas vezes no passado, mas não concluiu por razões financeiras e desencanto com os cursos escolhidos. Agora, se considera maduro para levar o projeto até o fim – e reconhece em Aline uma grande incentivadora. Em outubro, prestou vestibular e foi aprovado para um curso na área de banco de dados que tem início no primeiro semestre de 2021.

 

No dia 23/10, recebeu a notícia: aprovado no vestibular

 

Sobre suas experiências com avião, há outra que ele gosta de contar. Diego estava prestes a ir para o aeroporto para uma viagem a Itaperuna (RJ) que levaria mais de dez horas, considerando deslocamentos e tempo de espera, quando Marco del Rio, um colega da área de TI da Quatá, que ia para o mesmo local, lhe fez um convite: “O Marco é piloto e faria a viagem de ultraleve em apenas três horas. Ele perguntou se eu não queria ir com ele e eu aceitei na hora”, diz.

 

Nesse dia, o medo deu lugar ao encantamento pela experiência de voar em baixa altitude, em uma aeronave que lhe dava ampla visão da paisagem em ambos os lados. “Quando o ultraleve decolou, liguei para cancelar a passagem do avião. Nesse dia, eu me senti como uma espécie de Neymar, chegando para trabalhar de avião particular”, ele brinca.